O Bosque da Freguesia é uma conquista da sociedade carioca após muita luta. Durante a década de 1980, influenciado pelo movimento brasileiro de crescente reivindicação de participação cidadã e pelos movimentos ambientalistas em todo o mundo, um grupo de pessoas de Jacarepaguá reivindicou que um campo florestal na Freguesia se tornasse um parque natural para ter uma área de lazer. Destacamos a participação da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (AMAF) e do Grupo de Defesa Ecológica (GRUDE) em todo esse processo. Infelizmente o GRUDE não mais existe, mas deixou um legado que honramos juntos.
Manifestações diversas, cartas a parlamentares, entrevistas em jornais e muito barulho fizeram com que o Bosque esteja hoje tal como é, um parque que preserva a natureza e pode ser utilizado para o lazer de milhares de pessoas! Um processo que certamente não foi confortável e fácil, muito menos de unanimidades entre os diferentes participantes.
Por causa disso, são marcos memoráveis dignos de lembrança e comemoramos:
- Os 35 anos da promulgação da Lei de Tombamento do Bosque da Freguesia (Lei Nº 1512, de 20/12/1989)
- E os 32 anos da publicação do Decreto que institui o Parque do Bosque da Freguesia (Decreto Nº 11.830, de 11/12/1992)
Após longos anos de reivindicação pela sociedade, e diante do risco de desmatamento e construções do terreno da antiga Fazenda dos Catramby pela Dirija S.A., o Vereador Alfredo Sirkis acolheu esse movimento e propôs o Projeto de Lei de Tombamento do Bosque. A primeira votação contou com muito barulho vindo das galerias, gerando até reclamação por vários vereadores presentes. Mesmo assim, foi aprovado por todos presentes, seguindo facilmente para uma segunda votação. Vetado pelo Prefeito da época (Marcello Alencar), os vereadores da Câmara Municipal, novamente com unanimidade, votaram pela rejeição desse veto, promulgando a Lei que tomba e salvou o Bosque da Freguesia!
Posteriormente, com a necessidade de se desenhar melhor os limites do Parque pela Prefeitura e divergências entre membros da sociedade, foi feito um referendo popular que definiu o acordo entre a Sociedade Civil, a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Dirija S.A., permitindo tanto a criação do Parque quanto a do shopping e suas concessionárias de carro a partir do Decreto que institui o Parque, também de autoria de Marcello Alencar, o que mesmo que havia vetado anteriormente.
A principal mensagem desses atos legais talvez seja a de que, sem a mobilização da sociedade organizada, eles não teriam acontecido!
Este texto foi produzido por Sidney Teixeira Jr. no contexto de resgate de histórias de Jacarepaguá pelo coletivo “Jacarepaguá das Antigas”, que contém vários associados da AMAF. Ele é entusiasta da história de inspiração da luta pelo Bosque da Freguesia e um dos redatores da atual página do Bosque da Freguesia na Wikipedia.
Compartilhamos abaixo duas matérias do Jornal O Globo para ilustrar a história apenas, sem a intenção de as trazer como principais momentos.
