Mais uma homenagem ao nosso companheiro e irmão Jorge da Costa Pinto

Publicado em 12 de abril de 2020 (Atualizado em 22/04/2020)
Nota: As homenagens seguem a ordem cronológicas conforme recebidas pela AMAF.

É com imenso pesar que comunicamos a notícia do falecimento do nosso querido amigo e irmão Jorge da Costa Pinto, ocorrido ontem, no dia 11 de abril de 2020.
Jorge foi Sócio-Fundador da Amaf, esteve durante todos estes anos na Diretoria, inclusive como Presidente, e sempre foi um lutador incansável pelas melhorias do nosso bairro, dedicando a sua vida à comunidade.
Expressamos nossas sinceras condolências e solidariedade aos familiares, nos comprometendo a continuar defendendo o social, inspirados pela frase que ele mesmo destacou em seu perfil: “a paz do mundo começa em nós”.

Mensagem da Diretoria da AMAF:

A Diretoria da AMAF se solidariza com a Família do Jorge, com a certeza que ele é, foi e será sempre a AMAF. Dever cumprido. Que a Paz reine dentro de nós conforme ele apregoava. Muita Luz nesta sua caminhada. E, que o Amor prevaleça sempre entre nós.

Mensagens de amigos:

Do Guilherme Martins:

Meu amigo Jorge se foi!
Hoje é um dos dias mais tristes da minha vida. Hoje é Domingo de Páscoa. O Domingo de Páscoa mais triste da minha vida. Infelizmente, inesquecível.
Foi-se o amigo que me ajudou, me dando emprego, no momento em que precisei.
Foi-se o Jorge, muitas vezes incompreendido, mas de uma grande coração.
Foi-se o amigo ao qual recorria para, nos momentos das difíceis decisões políticas, me ajudar a fazer a coisa certa.
Morreu um doa maiores, senão o maior, lutador pelas coisas do bairro que tive a honra e o prazer de conhecer. Incansável!
Morreu a “minhoca da terra”, como ele próprio se intitulava. Amava tanto o bairro onde morava, que sentia orgulho, ao assim, auto definir-se.
Foi-se o lutador, por vezes, único lutador pelas coisas do bairro. Sim, porque quando a AMAF agonizou, lá estava ele, cavaleiro solitário, lutando, incansável.
Lamento não ter podido fazer nada, nem sequer visitá-lo. Infelizmente, talvez nem consigamos prestar todas as homenagens que, embora insignificantes em relação a todo o seu valor, ele tanto merece.
A AMAF perde, sem sombra de dúvida, aquele que foi, durante toda a sua existência, o seu maior quadro, o seu militante número um: Jorge da Costa Pinto.
Com sua perda a AMAF perde seu coração, sua alma.
Com sua perda, quem sabe (?) a AMAF também perca a vida.
O que me deixa ainda mais triste é que nem um enterro à altura de tudo aquilo que ele foi e que representou, ele terá.
Adeus meu amigo. Tenho certeza que você se juntará às pessoas às quais devo tudo em minha vida.  Mande um abraço para a Aninha, para minha mãe, para minha madrinha e para o nosso amado e inesquecível Jairinho. Diga-lhes que a saudade deles continua presente, que continuam fazendo falta e que continuam sendo muito amados.
Você se juntará a este grupo, na saudade, no nosso amor e na falta que eles fazem.
Que Deus te receba com toda a pompa e gala que você merece.
Agradeço a Deus por ter tido o privilegio da tua companhia e da tua amizade.
 
Jorge da Costa Pinto: PRESENTE!!!

Da Veronica Tomsic:

A Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (Amaf) nasceu em 1981. Mais velha que eu, que nasci em 1985.
O Jorge foi sócio-fundador e, se ele ajudou a criar a Amaf, também me viu crescer.
Hoje – neste Domingo de Páscoa – acordamos com a notícia do seu falecimento por complicações do covid.
Ele se foi ontem – Sábado de Aleluia.
Li um texto que falava sobre as qualidades desse dia: profundidade, consciência e resistência.
Que mensagem você nos deixou partindo justamente nesse dia, hein, Jorge?
Olho para a mesa de jantar aqui de casa e lembro das reuniões que fizemos juntos.
Quantas discussões compartilhamos sobre a luta coletiva? Quantas ideias trocamos sobre a atuação para o social? Quantos enfrentamentos? Quanto você me ensinou? E, sim, o quanto eu te ensinei? Porque você fazia questão de falar isso: o quanto você gostava das representantes da ala mais jovem do nosso grupo.
Jorge, um lado meu, tenta se prender ao fato de que você era extremamente espiritualizado e que, agora, você deve estar com o seu irmão, outro lutador incansável. Mas, confesso, um outro lado meu, vive o estado de choque e um luto grande. A gente quase se viu naquele 15 de março. 12 dias depois você foi internado e ontem faleceu.
O covid nos sacode dessa maneira. Está levando quem nós amamos e quem convive conosco.
Neste turbilhão, o universo me mandou a palavra “fênix” para a minha mente.
É a segunda vez que isso acontece. A primeira foi semana retrasada, quando estava sufocada enfrentando uma situação e a palavra apareceu.
Nesta segunda vez, decidi pesquisar mais: Fênix vem da mitologia grega e representa o renascer das cinzas. Representa os ciclos da vida, o recomeço e a esperança.
Jorge, na foto do seu perfil, você colocou “a paz do mundo começa em nós”.
Meu amigo, seguiremos seu conselho: tenho certeza absoluta que você está no outro plano (já que era a sua crença), sendo recebido por tantas outras pessoas queridas, e nós seremos fênix. A gente vai permanecer na luta, inspirados por todos os aprendizados que você, de forma linda, nos transmitiu.
Muito obrigada, companheiro Jorge, de coração.

Do Parcão Freguesia:

Da Veronica Beck:

Amigos, para quem ainda acha que o Corona é apenas uma gripezinha, ontem a noite (11/04)
perdi UM GRANDE AMIGO de luta pelo meio ambiente e pelo bairro da Freguesia.
@Jorge da Costa Pinto foi um dos fundadores da Associação de Moradores e Amigos da
Freguesia-AMAF (no ano de 1981), ele, sabendo que eu era advogada, me perguntou em 2012,
lá na FEIC (Fraternidade Espírita Irmãos de Cascais), se eu não poderia dar uma força num
pedido de investigação que nossa amiga arquiteta @Gisela estava preparando, para que o
Ministério Público investigasse o impacto do boom imobiliário que a Freguesia de Jacarepaguá
estava sofrendo.
Bem, foi desde aí que a nossa parceria NUNCA mais parou.
Ele era o meu parceiro mais atuante na defesa da Freguesia. Botava a mão na massa e a boca
no trombone, mesmo!
Tinha reunião na Secretaria de Urbanismo da Prefeitura? Estávamos lá eu e o Jorge.
Tinha reunião na Secretaria do Meio Ambiente? Estávamos lá eu e o Jorge.
Reunião no Conselho do Meio Ambiente (CONSEMAC)? Estávamos lá eu e o Jorge.
Reunião do Subcomitê da Bacia de Jacarepaguá? Estávamos lá eu e o Jorge.
Eleição da FAM-Rio em Bangú? Jorge e eu estávamos lá.
Reunião no Ministério Público com o Promotor? Jorge e eu estávamos lá.
Defesa do Meio Ambiente na Audiência Pública contra o PLC 141/2019 e o PLC 136/2019, na
Câmara dos Vereadores do Rio? Jorge e eu estávamos lá.
Manifestação contra o corte indevido e árvores e das pobres mudas plantadas a pedido da
população, nas calçadas da Freguesia? Jorge estava lá em todas e eu em algumas.
Construtora colocou tapumes na frente do Casarão da Bananal que pedimos para a Prefeitura
tombar e está assistindo o trator demolir a casa? Foi só sabermos da notícia que corremos
para lá, Estela, Jorge e eu!
Adivinhem quem foi assistir minha primeira (e algumas outras) sustentação oral no Conselho
Recursal do Ministério Público em prol da Freguesia? E filmou algumas delas? Meu querido
parceiro de luta, Jorge.
Quem foi juntamente com tantos amigos queridos e parceiros de lutas, subir os 7 lances de
escada da UERJ e assistir a minha defesa da dissertação de mestrado numa sala sem luz,
porque justo no dia e na hora da minha defesa a UERJ estava sem luz? O Jorge.
Quem é que subia o morro comigo para verificar e tirar fotos de desmatamentos clandestinos?
O Jorge.
E essa parceria não era só em prol do meio ambiente não. Jorge também estava na querida
FEIC, que frequento desde 2009.
Jorge também estava lá no meu grupo de estudos de sábado e quando troquei para meu
estudo para quinta-feira, Jorge também estava lá.
Ou seja, muitos caminhos nos mantiveram unidos em várias lutas, muitas vezes pelo meio
ambiente da Freguesia e tantas outras pela nossa busca de reforma espiritual.
E não pensem que essa parceria era um mar de flores, porque não era.
Jorge tinha um jeito particular e bastante severo de firmar a posição dele e como eu também
não dou mole para ninguém (kkkkk), os atritos eram frequentes, rs.
Mas apesar disso, o amor era que reinava. O amor superava tudo. E esse foi um dos, senão o
MAIOR, ensinamento de Jesus, que há mil anos atrás ressuscitou.
JORGE, eu costumava brincar que você era meu maior escudeiro nas nossas lutas pelo meio
ambiente, mas quem sabe não era o contrário, eu é quem era sua escudeira, rs
Meu GRANDE amigo e MAIOR parceiro de lutas, MUITO OBRIGADA por todas as vezes que
pude contar contigo, seja para ir comigo nas minhas loucuras/aventuras de subir o morro, seja
por SEMPRE me dar força quando perdíamos algumas batalhas em prol do meio ambiente, e
principalmente PELO ENORME APOIO E CONFIANÇA QUE SEMPRE DEPOSITOU NO MEU
TRABALHO.
Talvez esses 15 dias em que você ficou internado em coma induzido e entubado, tenha sido
uma preparação tanto do lado espiritual -para você conseguir se desligar com calma de
TODOS os seus afazeres materiais aqui no nosso amado Planeta Terra (nunca vi uma pessoa
trabalhar tanto em prol de uma coletividade de graça, como o Jorge, seja pela AMAF, seja pela
FEIC) e como para nós todos que te amamos, conseguirmos digerir essa novidade que será
não termos mais você conosco.
Sentiremos MUITO, MUITO, a sua falta, meu GRANDE AMIGO e MAIOR PARCEIRO DE LUTA!
JUNTOS SOMOS MAIS FORTES, SEMPRE!
E tenho certeza que lá do plano espiritual você continuará trabalhando INCANSADAMENTE e
principalmente pelas causas espirituais, pelo meio ambiente e pela NOSSA FREGUESIA.
Deus está contigo sempre!
Veronica Beck, a Vero como você e nossos queridos companheiros de luta, carinhosamente me
chamam.
Rio de Janeiro, 12 de abril de 2020.

Da Estela Tomsic:

Incansável! Nas lutas do bairro da Freguesia Jacarepaguá a quem dedicou sua vida durante quase quarenta anos.
O coronavirus o surpreendeu assim como a todos nós de surpresa.
Lutou por quinze dias!
Hoje está ao lado de Jairinho seu irmão que partiu também jovem.
Pessoalmente não perdi só um amigo.
Perdi UM IRMÃO.
DESCANSE EM PAZ!

Da Tati Pastoreio:

“Quando penso no significado de humildade a imagem do Jorge me vem à mente. Trabalhador incansável, fosse na FEIC ou na AMAF. Bem disposto, determinado, comprometido, discreto. Um cara que a gente via a serviço, sempre, sem chamar atenção sobre si, o que, sem ele perceber, chamava minha atenção e gerou uma imensa admiração. Jamais passivo ou indiferente, ele era comprometido e não media esforços para auxiliar as causas que acreditava. Era um homem de ação!
Um amigo querido se despede deste lado da vida. Por toda sua trajetória sei que será bem recebido, com festa, do outro lado. E isso me consola, ainda que o coração esteja bem apertadinho agora.
Vá em paz, meu amigo. As portas deste lugar para onde vamos certamente estão abertas, te aguardando, repletas de afeto. Gratidão por tudo que representou por aqui.
Estendo meu carinho à sua família, suas amadas filhas, que recebam consolo e acolhimento neste momento. Saibam que seu pai é muito amado e fez uma linda trajetória. ❤️”

Da Regina Chiaradia:

Do Canagê Vilhena:

Motor da AMAF, meu amigo de mais de 40 anos, na luta por uma cidade mais humana.
Difícil acreditar que não vou mais encontrá-lo nos eventos em defesa da nossa cidade.
Mas como espiritualista que era sei que agora está em harmonia no plano superior, tentando passar pra nós mais um incentivo na luta solidária em busca da vitória sobre este mal que hoje afeta toda a humanidade.
Esteja em PAZ, JORGE.

Da Fraternidade Espírita Irmãos de Cascais:

 

Da FAMRIO – Federação das Associações de Moradores da Cidade do Rio de Janeiro:

Mensagens do whatsapp:
[15/3 18:51] Jorge Amaf Comunicação FAMRIO 2: Abilio a reunião do Conselho de Representante será mantida? percebo que está havendo um cancelamento geral de reuniões.

[12/4 12:18] JORGE DA COSTA PINTO, MEU AMIGO LUTADOR DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DA FREGUESIA, faleceu de #coronaVÍRUS.
Tínhamos uma reunião das Associações de Moradores do Rio marcada para 21 de MARÇO passado. O JORGE FEZ DE TUDO para desmarcarmos a reunião. Atendemos seu pedido. Quatro dias depois foi internado com CODIV. Quando lutou para desmarcarmos a reunião ele não sabia que estava com #coronaVÍRUS, mas algo fez ele insistir em desmarcar a reunião.
Foi tratado com tudo que tinha direito, inclusive quinona. Tanto remédio que para o rim não ser atingido teve que passar a fazer hemodiálise diariamente. Passadas três semanas tentaram tirá-lo da coma induzida, não resistiu.
A última notícia que a Família recebeu foi o telefonema.
Não poderá sequer fazer o velório.
😥
FICA EM CASA.

Do André Fonseca:

O nosso bairro é hoje um lugar melhor porque você sempre foi incansável nas lutas sociais e receptivo às preocupações e demandas de todos os moradores que o procuravam.

Seu coração não bate mais neste mundo, mas você será para sempre recordado como um lutador do bem coletivo! Foi um privilégio trabalhar com você nas lutas pelo bairro.

Tenho certeza que suas pautas e compromissos não serão esquecidos, pois são especialmente importantes neste momento de incertezas e desafios. Sigamos seu exemplo, sempre confiantes e resilientes.

Siga em paz e seguro de ter cumprido sua missão com honra, honestidade e disposições fraternas. Até um dia, companheiro!

André Fonseca

Da Comissão de Meio Ambiente de Jacarepaguá – CCMA:

De O Mensageiro:

Da Annelise – Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU):

A Rede Carioca de Agricultura Urbana presta sua homenagem a um grande parceiro e amigo que se despede desta vida, deixando em nós um misto de sentimentos que incluem tristeza, mas também gratidão, dor e admiração.
A Feira Agroecológica da Freguesia, um marco para a Rede em diversos aspecto, teve forte influência de Jorge da Costa Pinto, na época Presidente da Associação de Moradores da Freguesia.
A feira veio como um pedido da AMAF, mas seu papel não se restringiu a isso.
Manteve-se ao nosso lado, participava das reuniões, buscava soluções práticas aos grandes e pequenos entraves. De local para reuniões à garantia de boa alimentação às/aos agricultoras(es).
De forma humilde e generosa fez-se presente muitas vezes sem se fazer notar, com ações, sem buscar louros ou holofotes.
Neste momento nos despedimos do amigo, sabendo que estará em boas mãos, que é recebido com festa do outro lado da vida por tudo que representa sua trajetória.
Daqui sentimos o coração apertar, a despedida não é tão fácil.
Cada integrante da Rede, dentro de suas crenças, oferece a Jorge seus melhores pensamentos e intenções.
Grande amigo, vá em paz, você fez a diferença nesta vida.
Cumprimentamos sua família e oferecemos nosso apoio e carinho a quem tão afetuosamente nos apoiou e fortaleceu.
Saibam-no amado, respeitado, admirado.
Um grande e fraterno abraço dos amigos da Rede Carioca de Agricultura Urbana (Rede CAU).

Do George Kunz:

Hoje é um dia muito triste ao saber do falecimento do Amigo e Companheiro Jorge da Costa Pinto.
Uma noticia inesperada ao me recordar das lutas na quais tivemos juntos na década de 80 e 90.
Sua luta incansável na AMAF.
Contudo, gostaria de estender meu grande pesar a todos familiares,Amigos …..

(Aproveito esse momento para lembrar uma pequena história: Quando jorge tinha a Farmácia CAROLLO na Freguesia, tínhamos um Amigo em comum que passava por uma grande necessidade por estar com câncer e necessitava de um remédio especifico e de imediato teve a iniciativa conseguir a todo custo esse medicamento, pois o mesmo tinha um preço elevado ademais difícil de encontrar…
Durante três meses, ele forneceu esse tal medicamento sem sequer ter cobrado um centavo…..
Na época deixou bem claro que não gostaria que fosse divulgado essa história….
Freguesia e Jacarepaguá se confundem com a história, isto e´, Historia Politica e Social….)

Muitas vezes concordamos outras divergimos, mas sempre com conversas produtivas…..
Para mim George Kunz, Jacarepaguá ficara sem duvida um grande vazio.
Jorge da Costa Pinto presente agora e sempre.

Do SEPE Jacarepaguá:

A Regional VI do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação – SEPE – lamenta, com pesar, o falecimento do diretor da Associação de Moradores da Freguesia (AMAF), JORGE DA COSTA PINTO, vítima da pandemia do coronavírus. Jacarepaguá perde um grande lutador dedicado às causas do bairro, dentro do movimento comunitário. Toda a nossa solidariedade à família e aos amigos!
JORGE PRESENTE!
SEPE Jacarepaguá e Barra – Regional VI

Da Vera Baldner (Gestora do Bosque da Freguesia):

Hoje o Meio ambiente está de luto. Jorge o nosso guerreiro,
eterno defensor da natureza partiu mas sua luta não foi em vão. Continuaremos nessa batalha especialmente no Bosque da Freguesia onde juntos nos esforçamos para preservar a nossa riqueza.
Segue em paz com a certeza da missão cumprida.
Vera Baldner

Do Diretório da Sétima Zonal do PT – Jacarepaguá 

A 7a Zonal do PT de Jacarepaguá se solidariza com a família e manifesta seu pesar pelo falecimento do companheiro combatente Jorge da Costa Pinto, vítima do COVID-19, ex -diretor da Associação de Moradores da Freguesia (AMAF) que lutou em diversas causas comuns de Jacarepaguá, desde o final dos anos 1980 como : a criação do Bosque da Freguesia, a ampliação da Rede de Saúde da AP-4, o saneamento ambiental da Baixada de Jacarepaguá, a melhoria da mobilidade urbana combate ao monopólio de transporte e reconstrução do Movimento Comunitário .
Jorge PRESENTE!!!
Diretório da Sétima Zonal do PT – Jacarepaguá

Do João Magalhães (17/04)

Era 2014, eu não tinha nem barba no rosto, e tinha acabado de assistir uma palestra da Gisela Santana na livraria recém aberta da estrada dos três rios quando ele chegou com jeito de malandro ou de herói, não sei ao certo, falando firme sobre a luta ambiental e dando certeza sobre como a Associação de Moradores estava prestes a conseguir transformar o casarão da bananal na primeira casa cultural da Freguesia. Anos depois descobri que já tivera coisa do tipo por aqui no século XX, mas era coisa só para elite. Aquela que Jorge falava seria para todos nós, seria do povo.

Em minha empolgação juvenil passei a sonhar com aquela casa, passava todos os dias pela frente dela por enquanto voltava do colégio. Já tinha até parado de fazer graça os trocadilhos de AMAF com “a máfia” e eu já estava começando a suspeitar que aqueles lambes no meio da rua estampando “AR borização” poderiam significar algo mais além da excelente crítica ao desmatamento. Eu ligo para o número de Jorge para perguntar se ele sabia alguma coisa sobre o tal desenho – eu havia começado a empolgar alguns colegas do colégio para fazer um jornal e achei que aquele desenho era manchete! – na época Jorge não fazia ideia do que eu estava falando, mas me convidou para uma especie de protesto na frente do casarão.

Eu cheguei na hora da concentração, encontrei uma mulher com lenço na cabeça e com algumas panelas gritando com uns homens. A situação inicialmente me assustou, pedalei com minha bike para um pouco mais longe, até perceber que aquela argentina determinada também deveria ser parte da tal AMAF. Estela, seu nome, me falou sobre a importância de um pan-americanismo e chegou até a me dar bronca por eu ser meio enrolado nas aulas de espanhol. Jorge estava atrasado, então Estela me apresentou sobre a disputa legal do casarão e sobre o homem mal encarnado que havia mandado ela lavar panelas para não lutar pelos seus direitos, o pano na cabeça e as panelas naquele dia eram uma crítica, muito bem feita a proposito.

Naquela época eu não conseguia esconder a vergonha de estar sozinho em meus 16 anos sem saber como funcionava essa tal de luta de moradores. Esse misto de vergonha e curiosidade me levou alguns dias depois a entrar em alguns grupos de facebook como o Mobilidade Urbana e o SOS Freguesia, mas naquele dia havia apenas me feito atravessar a rua e ficar lá torcendo para que a figura amigável do Jorge viesse logo para me guiar no meio daquele bando de novidades.

Ele apareceu por trás de mim, ainda não sei de qual direção veio, mas veio sorrindo. Estava animado falando sem parar sobre alguma coisa da FAM-Rio, sobre duas garotas que viriam ali também, que estavam recebendo uma nova juventude e começou a me contar algumas histórias sobre a fundação da AMAF. A tal juventude chegou, Carine e Carol, as duas gostaram de me ver ali, Jorge me apresentou com um entusiasmo enorme, parecia estar contemplando aquele momento. Carol gostou de saber que eu estava de bike, começou a falar sobre ciclo-ativismo, conceitos que não sabia mas já estava amando, e Carine me falou sobre uma tal de Alice e sobre um projeto de arborização da Estrada dos três rios.

Surpresa, felicidade, euforia, foi tudo que passava por mim naquele momento. Sim, Jorge acabava de me ligar a todos os pilares das lutas sociais do bairro em apenas duas conversas e uma chamada de telefone. Foi o primeiro a dar seriedade para minha fala confusa e a ter paciência em tentar direcionar toda aquela minha vontade de fazer algo pelo bairro. Depois daquele dia minha vida foi se encaminhando, continuei a tentar contar as boas novas, que não eram tão novas assim, para as pessoas de minha idade. Para minha surpresa, só um ou outro gato pingando queria saber sobre aquelas lutas sociais, mas sempre que eu conseguia mais uma adesão de juventude era para o Jorge que eu ligava. Eu nem sabia o motivo, mas ele insistia em criticar um tal extremismo, me falava para ouvir todo mundo, para não andar com uns tais “milicianos” e para eu ter calma. Eu tive, apesar da cobrança pessoal, só em uma conversa com a Alice anos mais tarde que consegui entender melhor aquilo que o Jorge já havia me sinalizado. Alice me disse que cada um faz o que pode, só ai que realmente me acalmei. No final, muitas dicas do Jorge me fizeram refletir muito sobre minhas escolhas e me salvaram de grandes enrascadas.

Dois anos já haviam se passado desde o casarão da bananal, infelizmente a luta não vingou e o sonho daqueles senhores de trazer um recanto cultural virou entulho. Eu não me conformei. Queria que mais gente ouvisse aquelas histórias, juntei bandas de uns quatro colégios na Freguesia e falei de novo com Jorge: Jorge, quero trazer as pessoas desses movimentos para a Lona Cultural de Jacarepaguá. Ele me ajudou a pensar algumas pessoas, sempre muito articulado. O evento aconteceu, eu me sentia pinto no lixo, apesar de muitas horas não saber exatamente o que eu estava fazendo. Ele mesmo não apareceu no dia, mas mandou um representante da AMAF e ajudou a divulgar.

Eu já estava conhecendo cabo a rabo da luta comunitária do bairro, já estava empilhando livros sobre história de Jacarepaguá mas ainda não estava conseguindo repassar aquele interesse genuíno que eu tinha, apesar de ter feito muitas discussões com outros jovens sobre os significados afetivos do espaço onde estávamos.

Já havia chegado 2019. Conversei com Jorge ao final de uma reunião da Associação sobre fazer um livro de poesia e memória. Tinha chegado a conclusão que eu não poderia esperar mais tempo, pois as lideranças estavam envelhecendo, queria pedir para cada lider comunitário escrever uma notinha ou uma poesia sobre sua experiência com o bairro. Ele gostou da ideia, como sempre me apoiou. Fui deixando a ideia maturar.

Chegou 2020, fevereiro. Tinha marcado o primeiro encontro para discutir lideranças comunitárias e representação do bairro. Jorge não pode ir e não envolveu a associação pois estavam tendo alguns problemas internos. Ele me pediu para esperar o carnaval passar, o que me fez marcar um segundo encontro para o dia 28 de março.

Carnaval passou, perguntei sobre a situação interna da AMAF. Ele já estava falando sobre as coisas voltarem a normalidade, falou que iriamos ir levando as coisas e me disse para a gente ir pensando algumas de minhas atividades para o futuro. Era 12 de março. Ele havia falado sobre alguma reunião que ele teria no domingo seguinte com a diretoria. Disse que as coisas voltariam aos trinques. “Está resolvido isso, tá Ô Ka?” foram as últimas palavras dele para mim.

Me dói muito esse momento. Sinto que um pilar muito forte de toda a luta no bairro morreu. Jorge sustentava laços entre diversos grupos e diversas pessoas e servia de grande admiração para mim. Por causa de influência de muitas conversas com ele que tive idéias e inciativas de fazer muitas coisas. Sempre me inspirando nos mestres como ele.

Histórias de vida como as do Jorge que eu gostaria de ter guardado, anotado, filmado. Ainda quero fazer isso, mas agora perdi a chance de ter as palavras animadoras dele e de ter todo aquele apoio. Desde que recebi a noticia de sua ida fiquei desorientado. Eu temia muito a perda dessas pessoas que me inspiraram e que me inspiram tanto e agora perdi talvez a que tenha me colocado para dentro de toda essa espiral. Me doí muito no peito essa perda e não consigo esconder que as noites tem sido mal dormidas desde que perdemos alguém tão incrível como o Jorge.

Da FAM-RIO (17/04)
Extraída do https://www.facebook.com/famriooficial/

Nosso companheiro, amigo e integrante da nossa Diretoria, Jorge Da Costa Pinto faleceu, ou como ele próprio diria, fez a passagem, pois era espírita praticante.

Jorge teve uma militância comunitária forte e fundamental, e sua participação começa em 1981, na fundação da Associação de Moradores e Amigos da Freguesia (AMAF) em Jacarepaguá. Atuou fortemente na luta em favor dos Mutuários (FAMERJ), nas décadas de 80 e 90, onde implementou com sucesso núcleos de assistência judicial para centenas deles.

 

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Se você quer ler recortes de jornais da época que documentam algumas lutas da AMAF, nas quais o nosso eterno companheiro Jorge esteve presente, basta clicar aqui para baixar o arquivo Memórias da AMAF (Tamanho do arquivo = 34 MB).